Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano I Número 8 - Agosto 2009
Poesia - Márcio-André
MONSANTO
toda cidade é esboço dela mesma
ou labirinto móvel para cães
e de tanto haver coisas sempre nos adequamos a ser outro:
a cidade contém dentro três outras cidades
que nunca se tocam
e somatizam nos habitantes: até deformá-los
mas o pôr do sol é sempre esse
desde o principio do sol e do estado das coisas
o pôr do sol que se ama como latão velho
e tudo o mais é variação de pedra
nesta cidade onde até o deus é de granito
e tem sonhos de pedra
com fêmeas mortais num jardim de areia e pedra
convém fugir da cidade antes que a velhice chegue
pois também as coisas perecem mais rápido do que podemos perceber
aqui cada dia é um dia
é preciso partir antes que chegue outro
[um pé de tangerinas à esquerda na estrada]
e é triste notar que nada permanece de nosso
antes mesmo que não estejamos mais aqui
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