Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano I Número 8 - Agosto 2009
Poesia - Santiago De Novais
versos variados: POEMA-TEEN OU
NÓIS E OS LEK DO MORRO DO CÉU
Gritei com o Morro! Não sou tupi. O que importa é ser doce.
Vi tudo na tela. Minha vida. 10 ponto guri! Sou mais que 10 ponto!
Todo mundo fala tanta coisa tanta pergunta nem sei se sou Tiago, sei que sou
Bruno, os outros, os dois, sarda, a linha do trem, quinze para sessenta...
Ei amigo! Sabe quem sou pra falar assim?
Eu nada, chiar de água, sair da linha, dar topada
Nós mesmos, claro que eram garotos inocentes alvos
O trem me fez voltar tuc tuc tuc gotas gotas gotas gotas hora de voltar grande e verde
Se for bruno é bom de ser porque ser bruno é ter dúvida é ser ele ter sardas
Outros pontos me faltam, guspir sonhar leite guspir longe lama
Dia de colher uvas, se uvas fossem mulheres... Só sozinho não.
Sou do Vêneto gosto de falar loiro solto palavrão “ aras______ tado
Pra que foram sair da Itália aqui mais tranqüilo mas lá é a Itália e se pudesse?
Não sou ingrato, é que estes morros do Sul me irritam prefiro um barraco no Friuli
Você que ela tá ouvindo, então não ouça! Tudo passa de segredo! Aqui é 3 guri.
As menina não dão bola mesmo. Ouvem músicas que não sabemo e cantamo.
Quer um conselho?
Sou genti, sou storti , sou silva, sou spolidoro, sou uma foto da cachoeira mole
Sou batida de sinos barulho de mergulho. Digo.
Anedotas de si, nervosos! Bebam!
Amem seus íntimos sem barba, isto aqui não é filminho americano.
Só te resta amar os amigos como se eles fossem mulheres. Elas são foda.
Mas tivesse amor ou melhor ter que não ter
Adolescência é só tolice de amor, que amor que nada amor amor amor
Depois a gente engana achando que não elas vão
Mas elas proíbem isso tal e falam um monte
Tá dormindo de cueca cheirando vodka cigarro cinza braseiro carro velho churrasco
Despenteado mau hálito amigos não ligam amam abraça joga elas só riem
Tudo que ela falou foi tipo um the end. Um daikiri que cai no chão sem ser bebido.
Antes andamos vadios pelas linhas de trem em nuvens de garotos que o Lácio faz mornos
Automóveis improvisados de vampiros pisando sêmen dos amigos
Disfarçar a solidão no morro é nossa bonita vingança contra o ócio
Eu jurava que estes dias em que eu ficava deitado na cama ouvindo rock
Nunca acabasse porque o sul está sempre adolescente e teso
O que vai sobrar das nossas vidas? É mesmo uma pergunta ao avesso?
Todas nossas loucuras com os amigos ou quem sou ontem?
Se chover tome chuva. Se fizer sol finja. Nem as garotas sobram, sabem.
Sempre use freio, tu ficas nervoso tal anaconda ou capeta em pessoa. Prepúcio cuide dele.
Eu se tivesse dinheiro primeira coisa que faria era vontade de chorar. Manda-me mensagem.
É mesmo, véio. Do céu.
Nota do autor:
Este poema é uma obra de ficção, embora haja referências autorizadas ao documentário "Morro do Céu". Agradecimentos especiais a Gustavo Spolidoro e Bruno Storti.